Um dia o Peter disse-me que sou a pessoa mais patriota que conhece e eu fiquei surpreendida. Já fui mais ou menos "acusada" do contrário. Por ter emigrado. Por fazer amizade com espanhóis! Por criticar o nosso país apesar de ter emigrado e, portanto, ter perdido esse direito (de acordo com certas pessoas).
Mas eu não acredito na história do "longe da vista, longe do coração". Eu estou longe do meu país há anos mas o meu orgulho não pára de assumir novos contornos. Um dos novos desenvolvimentos é ter chegado à conclusão que a luz de Portugal ao final da tarde é mais bonita. Não me perguntem por quê. E apercebi-me recentemente da maravilha que é poder chegar a um café e pedir um croissant prensado. O Peter experimentou um croissant misto prensado e adorou. Não conhecia, porque na Suécia não há. (Não se pede coisas "prensadas" no café. Quanto muito, pede-se para aquecer sandes.)
Também não acredito naquela história d' "o amor é cego". Não é. Eu amo o meu país, mas também vejo os seus defeitos. Irei sempre criticar aquilo que pode ser melhorado e que nos pode ajudar a alcançar o nosso enorme, enorme, enorme potencial. O contrário do amor é a indiferença. Não é a revolta. Não é a desilusão. Não é o desejo de melhorar.
Eu acho que muitos emigrantes sentem um conflito de lealdade apenas pelo facto de serem emigrantes. Se gostam "demasiado" da pátria, são ingratos para com o país que os acolheu. Se tentam integrar-se "demasiado" no país que os acolheu, é porque se esqueceram das suas raízes e já não gostam da pátria. Quanto a mim, cansei de medir cada palavra e cansei de tentar dizer as coisas certas para não causar interpretações erradas dos dois lados. Portugal será sempre a minha pátria, e a Suécia é a minha residência. Eu tento guardar as qualidades Portuguesas de que tanto gosto, e adopto comportamentos Suecos que admiro. E cá no blog, tento criar uma "ponte" entre os dois países.
Minha querida Joana, é por causa de posts como este que gosto tanto do teu blog (bem, também gosto dos outros todos...). Há dias tão difíceis em que apetece tudo menos viver aqui, mas temos de aprender a lidar com as saudades e com a falta que as pessoas e Portugal me fazem. Quando passo a fronteira em Vilar Formoso, até sinto o ar diferente e sinto-me logo muito mais feliz!
ResponderEliminarAcho que sou ainda mais crítica dos defeitos de Portugal desde que estou na Suíça, mas ainda gosto mais do meu país desde que vivo fora.
Um beijinho grande!
Gosto muito de passar por aqui. É isto. Mais um texto bom. :-)
ResponderEliminar"O amor não é indiferença". Nem cego. Na mouche, Joana.
Gostei imenso deste teu post. Sensato e muito lúcido.
Beijinho. Tudo a correr bem.
Bom dia Joana,
ResponderEliminarconcordo com a tua opinião :D o facto de nos tentarmos integrado não significa que gostarmos menos do nosso país de origem. Faz-me alguma confusão algumas pessoas renegarem o país onde residem, porque a pátria fala mais alto. Cada país tem o seu valor e os nossos corações têm espaço suficiente para gostarmos dos dois: nós adoramos a luz de Lisboa tanto como a neve (frio) dos Alpes.
P.s.: Já comia esse croissant misto prensado ;)
Concordo: devemos, em tudo na vida, preservar o que gostamos e adotar outras coisas que não temos/tínhamos originalmente mas admiramos noutras pessoas/países. Viva a diversidade :)
ResponderEliminar<3 Post lindo, sincero, e que faz muito sentido para os emigrados... Pra quem fica é tão fácil criticar tudo que a gente faz, né?
ResponderEliminarEstou indo em duas semanas conhecer esse Portugal tão maravilhoso. Vai ser corrido, mas to ansiosa demais pra ver um pouquinho desse lugar lindo, e mais ainda, pra comer bem hahaha
Não podia concordar mais contigo... Já em Portugal tinha alguns traços que agora identifico com a cultura holandesa mas continuo a ser orgulhosamente portuguesa. Temos imensas coisas boas mas nenhum país é perfeito!
ResponderEliminarE eu adoro vir ao teu blogue exatamente para saber mais sobre os costumes suecos. Gosto da ponte que fazes! :)
ResponderEliminarIdentifico-me tanto com estas coisas que escreves... continua a escrevê-las (;
ResponderEliminarAh, e já agora... croissants prensados são a melhor cena de sempre =P não sei como é que só nós é que nos lembrámos disso!
ResponderEliminarOLá Joana, nunca emigrei, mas dos meus 3 filhos, tenho dois (duas, na verdade) fora. E vejo que no coração de ambas há espaço para o país que deixaram e aquele que as acolheu. Coisas boas aqui e lá. E vivem repartidas, pois claro, mas isso é natural. Beijinho, bom fim de semana!
ResponderEliminarComo te compreendo, Joana... Podia ter sido eu a escrever isso mas sobre a Holanda.
ResponderEliminarIsto de ser emigrante tem muito que se lhe diga, e nem toda a gente entende.
Continua a partilhar coisas da Suécia e a mostrar aos Suecos o quanto é bom ser de Portugal.
Beijinho
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E a tua "ponte" é fantástica.
ResponderEliminarForça minha querida! <3
Eu gosto.imenso de te ler e da forma como falas do teu país e do que te acolhe.
ResponderEliminarBeijinho enorme
Olá Joana! Amor de verdade é mesmo assim :) Vemos as qualidades e defeitos e mesmo assim, gostamos! Nunca emigrei mas tenho família e amigos que o fizerem e também sentem o que sentes. Aproveitar o melhor de cada lugar, pessoa e momento sem culpas é o mote para se ser mais feliz :) Beijinhos!
ResponderEliminartens toda a razão!
ResponderEliminarbjs
Jessica
Só para dizer que adorei "ler-te".
ResponderEliminarAcho que esse é um dos maiores dilemas que todo imigrante passa....
ResponderEliminarBjs
Joana, me identifiquei demais com o seu post. É bem isso mesmo. Se você fala mal do país que deixou, te criticam porque você não tem mais esse direito. Se fala mal do país para o qual se mudou, te criticam porque você não é de lá. A gente parece que nunca mais vai pertencer - a nem um nem o outro.
ResponderEliminarBarbaridades
Percebo-te perfeitamente... e também concordo que não há luz como a nossa! Sempre quis sair de Portugal, mas isso não significa que não tenha orgulho nas nossas qualidades.
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