Uma das coisas que as pessoas costumam dizer-me quando lhes falo da minha decisão de emigrar, é que sou corajosa. E eu costumo responder que tinha apenas 20 anos quando emigrei, e que por sorte ou azar nunca fui uma jovem que pensasse muito no futuro. Pensava muito (no passado, no presente), mas o futuro nunca me ocupou muito tempo. Vim para a Suécia à aventura, com duas malas e sem plano, e apenas com o objectivo de ser financeiramente independente e de realizar dois sonhos de infância: viver no estrangeiro e ser hospedeira de bordo (emigrei na sequência de arranjar trabalho na Ryanair). Não pensei mais além e hoje sei que essa inocência foi uma benção porque me protegeu de muitos medos e angústias nos primeiros tempos. Por isso não acho que tenha sido corajosa. Acho que é mais corajoso quem emigra com filhos pequenos, ou quem deixa esposos e filhos para trás. E, na mesma medida, acho que é corajoso quem decide ficar. Ainda não consegui decidir quem é mais corajoso, se é quem emigra ou quem fica.
Eu acho que és corajosa. Ou destemida, pelo teu relato. Mesmo estando desempregada há mais de um ano sei que seria incapaz de emigrar, pelo menos sozinha. Não por achar que sentiria a falta de alguém ou do país, mas sim pelo medo. Fico sempre feliz (e um bocadinho invejosa) quando leio relatos como o teu.
ResponderEliminareu já ouvi bastante isso também, mas nunca me achei corajosa assim como as pessoas falam. sempre sonhei em ver o mundo, entäo pra mim foi muito natural ir embora.
ResponderEliminarnäo consigo imaginar como seria suportar a angústia de ter ficado quando eu quis ter ido. e fazer isso a vida toda. a cada oportunidade.
entäo pra mim corajoso é aquele que sempre quis ficar... e mesmo assim foi.
mas que tem que ter um pouquinho (ou um bocado) de valentia pra enfrentar as mazelas do dia a dia longe de tudo e de todos... ah isso tem! ;)
'E uma grande duvida que tenho. Corajoso 'e muitas vezes quem fica.
ResponderEliminarEu acho que corajoso de verdade, é quem decide ficar, optando, muitas vezes, por uma vida em que o futuro não se adivinha melhor que o presente. Também acho que é preciso coragem para emigrar, mas é um tipo diferente de coragem, é coragem de quem sabe (ou espera) que está a mudar para melhor
ResponderEliminarClaro que foste corajosa, ao tomares a iniciativa de partir para um país distante de Portugal, com tudo o que isso implica. Tens sido uma lutadora, porque não baixas os braços. Claro que gostava de ter-te "debaixo da asa", mas também sei como está o mercado de trabalho em Portugal. Bjs
ResponderEliminarÉs corajosa. Se, no ato de partir, achas que a inocência teve um grande papel, o facto de ficares apesar das dificuldades revela muita coragem. Eu estou em Portugal num trabalho precário, mas não tenciono emigrar porque tenho muito medo de um sentimento que referes muitas vezes: o desamparo. Por isso, admiro imenso as pessoas como tu, que enfrentam as coisas e resistem às adversidades.
ResponderEliminarBjs da Ana
Acho que és corajosa a partir do momento em que sais da tua zona de conforto para o desconhecido, longe de tudo e todos os que conheces, obrigada a desembaraçar-te sozinha e a construir uma vida do zero!
ResponderEliminarQuando viemos para Göteborg (eu, marido e filha de 1 ano e meio na altura), não vimos isso como um acto de coragem, mas sim uma consequência natural de uma vontade de viver melhor. As pessoas não percebiam como podíamos deixar a qualidade de vida de Portugal para ir para um país onde não tínhamos ninguém. Na realidade viemos em busca dessa mesma qualidade de vida, de trabalhar e receber um ordenado justo, de não fazer horas extra como se fosse o horário normal... E encontramos muitas coisas que nem pensávamos que pudessem existir para melhorar a nossa qualidade de vida. Hoje, meio ano depois, já falo sueco, a minha filha está inserida na sociedade e temos amigos suecos. Sinto-me em casa. Tenho saudades da família. Muitas. Mas a qualidade de vida está aqui. Coragem não é ficar, isso é comodismo. O meu marido nunca quis ter saído de Portugal. Ele teve coragem em sair para nos proporcionar esta vida. Foi muito corajoso. Hoje não percebe o que estivemos a fazer tantos anos a lutar no nosso país, que nunca nos acolheu de facto...
ResponderEliminarQuando viemos para Göteborg (eu, marido e filha de 1 ano e meio na altura), não vimos isso como um acto de coragem, mas sim uma consequência natural de uma vontade de viver melhor. As pessoas não percebiam como podíamos deixar a qualidade de vida de Portugal para ir para um país onde não tínhamos ninguém. Na realidade viemos em busca dessa mesma qualidade de vida, de trabalhar e receber um ordenado justo, de não fazer horas extra como se fosse o horário normal... E encontramos muitas coisas que nem pensávamos que pudessem existir para melhorar a nossa qualidade de vida. Hoje, meio ano depois, já falo sueco, a minha filha está inserida na sociedade e temos amigos suecos. Sinto-me em casa. Tenho saudades da família. Muitas. Mas a qualidade de vida está aqui. Coragem não é ficar, isso é comodismo. O meu marido nunca quis ter saído de Portugal. Ele teve coragem em sair para nos proporcionar esta vida. Foi muito corajoso. Hoje não percebe o que estivemos a fazer tantos anos a lutar no nosso país, que nunca nos acolheu de facto...
ResponderEliminarOlá Joana, muito obrigada pelo teu comentário. Decidi vir retribuir
ResponderEliminarUps publiquei antes do tempo... Como dizia, vim retribuir e conhecer o teu blogue. Entretanto dou-me conta de que temos algo em comum, vivemos fora do país. E quando dizes que não achas que foste corajos, eu discordo. Com filhos ou sem filhos, há que ter coragem para partir à descoberta de uma nova realidade que não é a nossa, aventurar-nos e sair da nossa zona de conforto. Eu penso que sim, que somos corajosas e apesar de os meus motivos pelos quais saí do país nada terem a ver com procurar melhores condições de vida, acho que sim, há que ter coragem para mudar. As mudanças pressupõem isso mesmo: força e coragem!! Beijinhos e tudo de bom!
ResponderEliminarUps publiquei antes do tempo... Como dizia, vim retribuir e conhecer o teu blogue. Entretanto dou-me conta de que temos algo em comum, vivemos fora do país. E quando dizes que não achas que foste corajos, eu discordo. Com filhos ou sem filhos, há que ter coragem para partir à descoberta de uma nova realidade que não é a nossa, aventurar-nos e sair da nossa zona de conforto. Eu penso que sim, que somos corajosas e apesar de os meus motivos pelos quais saí do país nada terem a ver com procurar melhores condições de vida, acho que sim, há que ter coragem para mudar. As mudanças pressupõem isso mesmo: força e coragem!! Beijinhos e tudo de bom!
ResponderEliminarOlá Joana, muito obrigada pelo teu comentário. Decidi vir retribuir
ResponderEliminarEu já tive essa dúvida mas hoje tenho a certeza de que quem fica é mais corajoso do que quem sai (mas somos todos um pouco claro!). Tenho a sensação de que do lado de cá depois do periodo de adaptação vive-se melhor e temos sempre a opção de voltar ou mudar de país. Lá a luta por uma vida melhor é diaria e as as perspectivas são menores. Isto na minha cabeça, claro que há quem discorde.
ResponderEliminarEstou a gostar de ler o teu blog ;)