domingo, 12 de maio de 2019

Os Suecos e o álcool (um desabafo)


Este post também se poderia chamar "Das diferenças culturais" entre a Suécia e Portugal. No outro dia entrei numa "discussão" num grupo de mães no Facebook. Uma das mães tinha sido convidada para um baptizado no qual seriam servidas bebidas alcoólicas, penso que champanhe, o que a deixou chocada. Escreveu então um post a perguntar a opinião das demais. Recebeu dezenas de comentários - a maioria das mães concordava que é "errado", inadequado, quase imoral o consumo de bebidas alcoólicas em todos os eventos nos quais há crianças, inclusive baptizados e festas de aniversário infantis. 

Isto é algo que não me surpreendeu, afinal já estou aqui há anos largos, mas não deixa de me incomodar. Acho que é saudável para as crianças aprenderem com os adultos que é possível beber com moderação, sem se ficar embriagado. Que o álcool pode ser consumido por prazer e não com o objectivo de beber até cair. Se não forem os adultos a ensinar o consumo saudável de álcool às crianças, quem vai ensinar? Quando penso na minha infância, lembro-me de ver os adultos a beber um copo ou dois de vinho em festas e encontros, algo que sempre foi muito natural para mim. Agora que sou adulta, raramente bebo (mesmo antes de engravidar da Luisinha) e quando bebo, é em pequenas quantidades. Foi mais ou menos isto que escrevi no meu comentário, o que criou uma certa comoção. Não consegui passar a minha mensagem, de todo. 

Pensei bastante no assunto e até comentei com Noivo, que é Sueco. Falámos das diferenças entre Portugal e a Suécia no que diz respeito ao consumo de álcool. Em Portugal é normal beber um copo de vinho ao almoço/jantar no dia-a-dia. Os Suecos vêem isso quase como um sinal de alcoolismo. No entanto, acham normal beber até cair aos fins-de-semana, algo que em Portugal (penso eu) não é bem aceite, especialmente depois de passada a fase universitária. Quando bebem, bebem a sério. Todo o santo encontro de fim-de-semana é desculpa para beber e chega a ser difícil esconder uma gravidez porque desconfiam logo assim que uma pessoa pede uma bebida não-alcoólica. E chovem os comentários: "Então... Tens algo para nos contar? He he.". Comentários como "Não queres mais?", "Tens a certeza que não queres um shot?" também são muito normais. (Felizmente para mim, Noivo é mais Português do que Sueco em relação ao consumo de álcool). 

Enfim, eu teeeento ser tolerante e aceitar as diferenças culturais, integrar-me etc e tal, mas confesso que esta questão me incomoda. E o puritanismo deles, o "atirar pedras" a quem escolhe servir um copo de champanhe para celebrar um baptizado não ajuda, especialmente porque no geral têm das atitudes mais estranhas em relação ao álcool com as quais já me deparei. 

É tudo por hoje, quando voltar estarei mais bem-disposta.

15 comentários:

  1. Acho essa atitude super contraditória!!! Tens toda a razão, mais vale beber um copo uma ocasião especial do que ficar bêbado para lá da conta todos os fins-de-semana. Isso é uma péssima relação com o álcool.
    No entanto, eu acho que quem bebe sempre, impreterivelmente a todas as refeições pode ter um problema... O meu sogro tem um problema e ninguém reconhece porque é só um copo ou 2 com a refeição, mais o digestivo e blablabla. Quem bebe uma garrafa por dia (2 copos por refeição) tem um problema! Principalmente quando têm doenças cardíacas e diabetes tipo 2 e não deixam o álcool (muito comum em Portugal também, eu acho).
    Mas os suecos enfrascarem-se que nem doidos ao fim-de-semana e se não queres acharem estranho também é um problema!

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  2. Joana, que bom ler um post teu! Gosto muito do teu blog, e sempre gostei das comparações entre as culturas sueca e portuguesa. Ainda estou à espera do post sobre a dating culture sueca :)
    Quanto a este assunto, concordo totalmente, aliás acho que os ingleses também têm uma péssima relação com o álcool. E na verdade acho que esta cultura se está a entranhar um pouco em Portugal, já para lá da idade universitária. Começa a não ser raro ver trintões caídos de bêbados ao fim de semana, e já há muita gente adulta a adotar esta mentalidade de beber até ao apagão. Aliás, li um artigo há umas semanas que constatava que em Portugal já se bebe em média mais do que na Rússia (não sei o quão fidedigno é o artigo).
    Beijinhos, Ana

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  3. Lá está... Uma pessoa tenta ter a mente aberta, mas com uma atitude um tanto ou quanto contraditória e pouco tolerante da parte deles, fica difícil!

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  4. Estou contigo, nem tanto ao mar nem tanto à terra. Eu já conheci pessoas que fazem exactamente isso, tanto o criticar os outros por beberem, como o beber ao fim de semana até cair, mas não acho que seja a regra geral. A maioria das pessoas que conheço bebe só ao fim de semana, e sim, às vezes demasiado, mas ainda assim aceitavel. Felizmente. Acho que depende um pouco da geração. Ou então sou eu que não vejo certas misérias porque não saio assim tanto :)
    Verdade é que bebo menos alcool agora, só não sei se é de me estar a habituar à cultura ou se é de estar mais velha. Mas festa que é festa há-de ter champanhe, mesmo sendo um baptizado!

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  5. Há muitos anos estive na Suécia em trabalho e calhou ficar até sábado. Aparentemente só se podia beber aos fins de semana, pelo menos na altura foi o que me pareceu. Na sexta-feira à noite parecia que andava tudo bêbado e no sábado de manhã era só vomitado nas ruas.... Isso sim, foi chocante para mim. Um país tão avançado e civilizado. Não esperava.

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  6. Pois se estamos a falar de alcoolismo, entre uma pessoa que bebe um copo de vinho todas as refeicões e uma bebe até cair todos os fins de semana, eu apostaria o meu dinheiro na segunda! Mas pronto! Já em Inglaterra era assim, fim-de-semana para eles não era fim-de-semana se não se pusessem tortos. Enquanto que aqui, tens razão, o álcool não é tabu mas as bebedeiras são mal vistas.

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